Fique sabendo:
Os surdos não são mudos
Marcus Vinicius Batista
Nascimento, fonoaudiólogo e mestre em linguistica aplicada e estudos da
linguagem pela PUCSP, tradutor intérprete de LIBRAS/Português/LIBRAS
–PROLIBRAS/MEC.Esclarece isso:
É comum ouvirmos de pessoas leigas a expressão “surdo-mudo”. Aqui há um equívoco que precisa ser esclarecido.
O pensamento parece lógico: é de senso comum que aprendemos a falar
ouvindo. Logo, se não ouvem, os surdos não aprendem a falar.
Mas o termo “mudo” não surge necessariamente dessa relação. Mudo é
aquele que não faz uso de seu aparelho fonador para a fala ou qualquer
outra manifestação vocal. Pessoas ou crianças psicóticas, por exemplo,
podem apresentar mudez como um sintoma de sua alteração psíquica. Há
ainda aqueles que, por serem acometidos por câncer na laringe, fazem uma
laringectomia (cirurgia para a retirada do órgão responsável pela
produção sonora da fala), tornando-se temporariamente “mudos”, pois,
ainda assim, podem reaprender a falar usando outras estratégias, como a
voz esofágica (produzida pelo esôfago).
Se não acometidas por alterações psíquicas e/ou orgânicas que interfiram
em suas pregas vocais, pessoas surdas podem sim produzir sonorização
vocal. Ainda que se comuniquem pela Língua de Sinais e não saibam falar,
apresentam vocalizações ao sinalizar e usam a voz quando estão em
perigo. Além disso, podem desenvolver a linguagem oral por meio de um
processo terapêutico fonoaudiológico.
Vale a dica: A terminologia “mudo” relacionada aos surdos nasceu na
antiguidade, quando se acreditava que uma pessoa só teria condição de
humanidade se houvesse a fala. Foi preciso a comprovação científica de
que o surdo possui uma laringe funcional para que se começasse a
acreditar em seu potencial para falar e, ainda assim, a Língua de Sinais
exerce, por aqueles surdos que não possuem a linguagem oral, a mesma
função de linguagem que a fala, sendo forma legítima e natural de
comunicação e expressão de pessoas surdas. Assim, retire do seu
vocabulário a expressão “surdo-mudo” e passe a se referir às pessoas com
perda de audição somente como surdos.
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Língua Brasileira de Sinais
A Libras (Língua
Brasileira de Sinais), que teve sua origem na língua de sinais francesa, é uma
forma de comunicação dos surdos. Foi reconhecida como 2ª língua oficial do
Brasil pela lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002.
O ensino de libras vem sendo
reconhecido como caminho necessário para uma efetiva mudança nas condições
oferecidas pela escola no atendimento escolar desses alunos, por ser uma língua
viva, produto de interação das pessoas que se comunicam.
Ao refletir
sobre a importância das Libras na vida das pessoas surdas, pode-se perceber que
a utilização da Linguagem Brasileira de Sinais é um meio de garantir a
preservação da identidade surda, bem como contribui para a valorização e
reconhecimento da cultura surda que, por tanto tempo, foi o alvo da hegemonia
da cultura ouvinte. Relevando a surdez como uma experiência visual,
popularizando a linguagem de sinais, garante-se ao surdo a possibilidade de
reconhecimento e legitimação desta forma de comunicação, desprezando qualquer
forma de padronização, de comportamento ou tentativa de normalização do sujeito
surdo.
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